Exaustão

Segundo o dicionário do Google, exaustão é o estado de exaurir-se, esgotamento.
Após dois anos de pandemia e da ameaça de uma nova possível crise, que no Brasil é social, econômica, política, emocional, psicológica, enfim, é geral! Estar em casa, em meio a uma série de mortes, com mais demanda tanto do laboro externo, quanto do lar, além, é claro, do isolamento, da falta de socialização, de contato físico, olho a olho, corpo a corpo e um imenso buraco psicológico de ter que sobreviver e ter medo de perder a vida, o emprego, o marido, os filhos… ou mesmo o incessante contato com eles… o excesso do claustro….
Tudo, eu digo, tudo, nos arrancou parte da nossa energia vital, o nosso chi, como chamam os chineses, e fomos ficando a cada dia menos vitais, mais pálidos, mais sedentos de algo que nem sequer sabemos o que é …. O número de pessoas com burn out, depressão, ansiedade, exaustos de tudo, até de si mesmos é imenso! Ouvi mais de uma vez a frase, “preciso tirar férias de tudo, até de mim”.
Mas, como chegamos até aqui? E porque insistimos em negar a exaustão? Por que seguimos nos obrigando a ter que ….?
Na matemática, o método da exaustão, criado por Eudoxo de Cnido, segundo a wikipedia é “um método para se encontrar a área de uma figura inscrevendo-se dentro dela uma sequência de polígonos cuja soma das áreas converge para a área da figura desejada”. Ou seja, é chegar ao ponto onde não é possível nem avançar, nem recuar, é quase impossível mover-se… uma espécie de black out.
No teatro, a técnica de Exaustão, escreve Renato Ferracini, em seu artigo, O Treinamento Energético e Técnico do Ator LUME, “ (..) Luís Otávio Burnier, criador do LUME, embasado nas pesquisas de Grotowski, acreditava que a exaustão física poderia ser uma porta de entrada para essas energias potenciais, pois, em estado de limite de exaustão, as defesas psíquicas tornam-se mais maleáveis (…)”. E numa outra passagem acrescenta algo traduz o momento atual: “(…) Parece que ultrapassamos a linha da exaustão. De repente tudo acabou, o fio, não saberia explicar porque, rompeu-se. Tentamos continuar, mas tudo agora era visivelmente mecânico, pois começamos a copiar as ações um do outro, e as ações começaram a ser premeditadas. Percebendo isso, nos separamos e cada um continuou seu trabalho com outras duplas ou com o espaço. Mas alguma coisa havia mudado…(…)”
Na exaustão, não há muito o que se fazer, a não ser se acolher. Acolher o cansaço, niná-lo, embalá-lo, dar-lhe comidas e bebidas reconfortantes… E acreditar nas lindas palavras de Clarissa Pinkola Esthés, em seu livro, Ciranda das Mulheres sábias: “Entretanto, no meio de qualquer tempestade ou contentamento, a bela força da vida estará para sempre preservada pela mulher oculta, que sempre se esforçará para que se saiba que consertos e impulsos começam novamente no próprio momento em que somos destruídas”.

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